Nosso Blog é melhor visualizado no navegador Mozilla Firefox.

Pesquisar este blog

Total de visualizações de página

Translate

Perfil

Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

Seguidores

Mostrando postagens com marcador Espiritismo no Brasil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Espiritismo no Brasil. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Em Contato com o Espaço do Além: Proposta para uma Geografia do Espiritismo

Revista de Estudos da Religião - REVER (junho - Ano 9 – 2009): Geografia da Religião – perspectivas e abordagens

Título: Em Contato com o Espaço do Além: Proposta para uma Geografia do Espiritismo

Autor: Wolf-Dietrich Sahr e Marino Luís Michilin Godoy

Resumo: Este artigo apresenta uma abordagem teórico-metodológica dentro da Geografia da Religião que estabelece uma compreensão da espacialidade do fenômeno social espírita. Para tanto, consideram-se, aqui, três instâncias de análise principais, a entender: a espacialidade narrativa, a qual busca compreender as relações estabelecidas entre o plano terreno e o espiritual, numa concepção geográfica própria do Espiritismo, a espacialidade prática que evidencia as práticas e relações estabelecidas entre os espíritas e seu ambiente, caracterizando a geografia social do Espiritismo e dos espíritas, e sua espacialidade institucional, demonstrando as relações entre as atividades individuais e dos Centros Espíritas e os órgãos federativos do Espiritismo.

Texto HTML - Texto PDF [páginas 1-20]

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Afinal, espiritismo é religião? A doutrina espírita na formação da diversidade religiosa brasileira

Afinal, espiritismo é religião? A doutrina espírita na formação da diversidade religiosa brasileira

Celia da Graça Arribas

Dissertação de mestrado em Sociologia (USP)

Data da defesa: 12/09/2008.

Resumo: Pretendeu-se analisar o processo de formação da heterogeneidade formal do campo religioso brasileiro tomando por objeto empírico o desenvolvimento de parte da produção intelectual religiosa durante as últimas décadas do século XIX. Examinando sociologicamente a emergência do espiritismo religioso, almejou-se entender e explicitar em sua lógica própria o processo de constituição de um mercado competitivo de bens de salvação caracterizado pela perda do monopólio religioso da igreja católica e pela ascensão da legitimidade institucional das outras religiões. Relacionando a idéia weberiana de racionalização das esferas de valor no caso a religiosa e as noções de trabalho e de divisão do trabalho religioso de Pierre Bourdieu, propôs-se uma análise das lutas dos grupos de agentes cujos interesses materiais e simbólicos tornam o campo religioso um terreno de operação para as lutas entre diferentes empresas de salvação.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

As origens do espiritismo no Brasil: razão, cultura e resistência no início de uma experiência

As origens do espiritismo no Brasil : razão, cultura e resistência no início de uma experiência

Paulo César da Conceição Fernandes

Dissertação de mestrado em Sociologia (UnB)

Data da defesa: 27/05/2008

Resumo: O espiritismo é uma doutrina surgida na França durante o século XIX. Seus principais postulados são: a imortalidade da alma, a possibilidade de nos comunicarmos com os “mortos” e a reencarnação. Foi exposta pela primeira vez por “Allan Kardec”, pseudônimo do pedagogo lionês Hippolyte-Léon Denizard Rivail, que seria o principal responsável por sua divulgação e também autor de obras sobre o tema. Depois de uma história conturbada em solo europeu, devido ao caráter controverso de seus conceitos, o espiritismo chegou ao nosso país e aqui se fixou em rápida propagação. O objetivo desta pesquisa é entender a relação entre essa doutrina e o Brasil expressa no conjunto de algumas conseqüências sócioculturais que emanaram das origens desse contato. Procura-se compreender também o espiritismo qua talis, suas influências, sua história e principais conceitos. Busca-se assim responder algumas perguntas, que orientam este trabalho, como: O que é o espiritismo, qual é a sua história? Por que e por quem o espiritismo foi aqui recebido? Quais mudanças o espiritismo experimentou ao vir para cá, e ele contribuiu ou contribui de alguma forma para a cultura (religiosa) de nossa terra? Concluiu-se que ambos, o Brasil e o Espiritismo, acabaram por se influenciar mutuamente. Em alguns momentos, tais trocas não vieram de forma pacífica, e cada lado procurou apresentar suas “resistências” em meio ao “diálogo” que se estabelecia. Todavia, uma síntese se impôs, e o resultado é um espiritismo mais brasileiro e um Brasil que aprendeu a aceitar o espiritismo, em um processo que começou durante o século XIX, mas que se mostra presente até os nossos dias.


PDF - Texto completo

domingo, 30 de novembro de 2008

A nova Era do Espiritismo (material completo)

La comparacin en la enseanza de la historia

Revista Galileu - Edição 209 - Dez de 2008 - Novas influências estão reinventando a doutrina no Brasil. Mas será que o fruto dessa metamorfose ainda pode carregar o nome da corrente criada por Allan Kardec há 150 anos?


Veja mais:

A nova Era do Espiritismo


quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A nova Era do Espiritismo

Já nas bancas!!!!!!!

Revista Galileu – Dezembro de 2008 – Edição Número 209



terça-feira, 5 de agosto de 2008

Bezerra de Menezes: o diário de um espírito (lançamento do filme dia 29 de agosto em todo o Brasil)

Estréia 29 de agosto em todo o Brasil: “Bezerra de Menezes: o Diário de um Espírito” é uma produção da Trio Filmes, com realização da ONG Estação da Luz e a participação de atores de renome nacional, como Carlos Vereza, que faz o papel principal do médico cearense Bezerra de Menezes, Lúcio Mauro, Caio Blat, Paulo Goulart Filho e Ana Rosa, além de um casting de atores cearenses.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Liberdade de crença e Estado laico

Folha de São Paulo, Opinião, Tendências e Debates, em 07/07/2008.

Liberdade de crença e Estado laico

TIAGO CINTRA ESSADO, EDUARDO FERREIRA VALERIO e MARIA ODETE DUQUE BERTASI

Com base nos preceitos constitucionais é que um grupo de operadores do direito fundou, em março, a Associação Jurídico-Espírita

A CONSTITUIÇÃO Federal consagra, no rol dos direitos e garantias fundamentais, a liberdade de crença como direito inviolável, bem como a plena liberdade de associação para fins lícitos. Com base nesses preceitos é que um grupo espírita de operadores do direito fundou, em março de 2008, a Associação Jurídico-Espírita do Estado de São Paulo (AJE-SP).


A doutrina espírita tem seu marco inicial em 18 de abril de 1857, com a publicação da obra "O Livro dos Espíritos", após cuidadosa sistematização de mensagens obtidas por meio da mediunidade, coordenada por Allan Kardec, pseudônimo do pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, descendente de família que se destacou na magistratura e nas lides forenses, discípulo do educador suíço Pestalozzi.


A fase inicial do espiritismo se consagrou pela atração de adeptos por causa da curiosidade e que, sarcasticamente, zombavam de mesas que giravam sem nenhuma intervenção humana. Com o passar do tempo, os fenômenos físicos se transmutaram para fenômenos inteligentes, possibilitando àqueles que superavam a fase da curiosidade adentrar a fase de recolhimento para análise dos estudos de natureza filosófica com conseqüências morais. A essência da doutrina espírita está expressa na seguinte definição de Allan Kardec: "Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más inclinações".


Fazê-lo é tarefa para todos os momentos; para o operador do direito espírita, o é inclusive e principalmente no cotidiano forense. É indiscutível que, no cenário jurídico-social, ocupado por juízes, promotores de Justiça, advogados, delegados, servidores, estudantes e sociedade civil em geral, há espíritas, evangélicos, católicos, ateus, agnósticos etc. Sem a finalidade de atrair novos adeptos, mas, isto sim, exercer o direito constitucionalmente previsto de livre associação, congregando operadores do direito espíritas, bem como levar à sociedade as posições espíritas diante de questões legais e sociais, se entende legítima a fundação da AJE-SP em uma sociedade democrática.


Com efeito, a engrenagem judiciária brasileira acha-se exemplificada em cartórios abarrotados de autos, com servidores absolutamente desmotivados e juízes, promotores e advogados, não raras vezes, com a consciência tranqüila apenas por derrubar pilhas e cumprir prazos, olvidando-se de que, por trás de cada processo, existem vidas humanas.


Não é pretensão da AJE-SP transformar-se em escritório para produção de provas de natureza espiritual, conforme, lamentavelmente, se deixou transparecer em polêmica recente no noticiário nacional. Contudo, a humanização da Justiça ocorrerá, de qualquer forma, a partir do momento em que cada operador do direito se conscientizar da importância de aplicar, nos milhões de feitos que correm pelos fóruns e tribunais do país, a regra evangélica que recomenda respeito e amor ao próximo.


Não é pretensão da AJE-SP transformar o exercício profissional dos operadores do direito em prática religiosa formal ou substituir a legislação humana por princípios religiosos, pugnando pela inaplicabilidade da lei positiva em favor de postulados do espiritismo. Tampouco se pretende introduzir práticas e conceitos espíritas nas instituições do Estado ou desrespeitar sua natureza laica. O que se pretende é contribuir para que o profissional do direito, ainda que não espírita, se inspire nos valores universais de irrestrito respeito ao homem, consagrados pela doutrina espírita.


Também se almeja valorizar, na prática da Justiça, o ser humano, incluindo-o no centro das relações jurídicas, em substituição ao dinheiro e ao mercado; externar a maneira humanista com que o espiritismo vê o mundo, humanizando as relações sociais em geral e as questões da Justiça em particular.


Enfim, o que se pretende é contribuir, de qualquer modo, para que se dê trato jurídico a valores humanistas como solidariedade, boa-fé e honestidade, entre outros tão fundamentais para a sociedade brasileira neste momento de sua história.

TIAGO CINTRA ESSADO , 31, mestre em direito público, é promotor de Justiça em SP e presidente da Associação Jurídico-Espírita do Estado de São Paulo (AJE-SP). É autor de "O Princípio da Proporcionalidade no Direito Penal".

EDUARDO FERREIRA VALERIO , 47, é promotor de Justiça em SP e vice-presidente da AJE-SP.

MARIA ODETE DUQUE BERTASI , 48, advogada, é diretora-secretária da AJE-SP.

Veja mais:

Temas de Postagens:

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Euripedes Barsanulfo: um educador espírita na Primeira República

Euripedes Barsanulfo: um educador espírita na Primeira República
Autor:
Alessandro Cesar Bigheto
Dissertação de mestrado em Historia, Filosofia e Educação (UNICAMP)
Orientador:
Sergio Eduardo Montes Castanho
Data de defesa: 22/02/2006.
Resumo: Este trabalho pretende resgatar, para a história da Educação Brasileira, a figura do educador espírita, mineiro, Eurípedes Barsanulfo (1880-1918) fundador e diretor do Colégio Allan Kardec, (Sacramento), primeira escola espírita no Brasil. Mostra a especificidade da sua proposta, de educação ativa, gratuita e espiritualista, analisando suas heranças, práticas, contexto sociopolítico cultural e idéias pedagógicas do período. A metodologia se dá na pesquisa histórico-bibliográfica sobre os temas abordados e na pesquisa em fontes primárias (manuscritos, entrevistas com testemunhas, alunos e descendentes, artigos de jornal, retratos, fotos, Atas da Câmara Municipal de Sacramento etc.). Este trabalho pretende precisar os aspectos específicos da prática de Eurípedes no contexto de sua época e como iniciador de uma corrente nova de educação, com desdobramentos até hoje. Trata-se de mostrar sua contribuição, numa visão crítica da história, mas incorporando a perspectiva do discurso espírita, pois o que se esboça no primeiro momento da pesquisa é a originalidade da proposta pedagógica kardecista, iniciada por Eurípedes.

Veja mais:

sexta-feira, 6 de junho de 2008

sábado, 31 de maio de 2008

Espiritismo e loucura: O Sanatório Espírita de Uberlândia (1932-1970)

Espiritismo e loucura: O Sanatório Espírita de Uberlândia (1932-1970)
Autor:
Raphael Ribeiro
Resumo: A proposta deste trabalho é pensar a loucura e sua institucionalização na cidade de Uberlândia. Essa discussão envolvendo a temática da loucura continua atual e instigante por tudo que ela representou e ainda representa em nossa sociedade. Dúvidas têm surgido de maneira intensa em torno da grande incógnita que envolve a loucura. Quais os indícios que evidenciam a loucura? Mais ainda, a loucura realmente existe? Muitas outras indagações estão colocadas, inclusive questionando o discurso médico, que antes se apresentava como vencedor, como também suas práticas e técnicas curativas. Em contrapartida, percebemos hoje o quanto foram importantes os debates de outros segmentos da sociedade que, de uma maneira ou de outra, não aceitaram a imposição do saber psiquiátrico. Este trabalho de pesquisa nasceu a partir de uma vasta documentação encontrada no Sanatório Espírita de Uberlândia, instituição fundada em 1942 e desativada em meados dos anos 1990. São 29 livros contendo inúmeros prontuários dos internos de 1942 a 1959. Nessa documentação, encontramos informações sobre o motivo da internação, relatado pelo responsável do asilado, diagnóstico e prognóstico, muitos deles por psicografias, terapêuticas utilizadas, entre outras. Tendo em vista as diversas possibilidades de análise dessa documentação, o campo de reflexão utilizado na pesquisa tem como premissa trabalhar os complexos discursos que foram elaborados sobre a insanidade presentes na cidade de Uberlândia e, como isso possibilitou as práticas de sua institucionalização.
Palavras-chaves: Loucura, espiritismo, obsessão, Uberlândia/MG, institucionalização.

Almas Enclausuradas: práticas de intervenção médica, representações culturais e cotidiano no Sanatório Espírita de Uberlândia (1932-1970)

ALMAS ENCLAUSURADAS: práticas de intervenção médica, representações culturais e cotidiano no Sanatório Espírita de Uberlândia (1932-1970)
Autor: Raphael Alberto Ribeiro
Resumo Este trabalho de pesquisa nasceu a partir de uma vasta documentação encontrada no Sanatório Espírita de Uberlândia, instituição fundada em 1942 e desativada em meados dos anos 90. São 29 livros contendo inúmeros prontuários dos internos de 1942 a 1959. Nesta documentação encontramos informações sobre o motivo da internação, relatado pelo responsável do asilado, diagnóstico e prognóstico, muitos deles por psicografias, terapêuticas utilizadas, entre outras. Tendo em vista as diversas possibilidades de análise desta documentação, o campo de reflexão utilizado na pesquisa tem como premissa trabalhar os complexos discursos que foram elaborados sobre a insanidade presentes na cidade de Uberlândia e, como isto possibilitou as práticas de sua institucionalização.
Palavras-chaves: Loucura, espiritismo, obsessão, Uberlândia/MG, institucionalização.

Espiritismo: Série Biblioteca Fazendo História discute a “crença de loucos” que conquistou o Brasil

Agenda (27/05/2008) - Espiritismo Série Biblioteca Fazendo História discute a “crença de loucos” que conquistou o Brasil

Com o tema Espiritismo – A “Crença de Loucos” que conquistou o Brasil, a Revista de História da Biblioteca Nacional e a Fundação Biblioteca Nacional retomam, em 10 de junho de 2008, às 16h, a série de encontros Biblioteca Fazendo História, que promove o debate sobre temas relevantes da História do Brasil.

Emerson Giumbelle, professor de antropologia da UFRJ, e Palmiro Costa, diretor de Ações Estratégicas do Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro (CEERJ), tratarão do assunto abordado no dossiê sobre Espiritismo, da edição de junho de 2008 (N.33). A mediação ficará a cargo de Luciano Figueiredo, editor da Revista.

Cada encontro contará com um mediador e dois palestrantes, sendo um o autor do artigo publicado na edição do mês e tema de debate, e o outro, um convidado que tenha conhecimento sobre o assunto.

Os encontros serão realizados no auditório Machado de Assis, da Biblioteca Nacional (Rua Rua México s/nº, Centro, Rio de Janeiro), com entrada franca. A série de debates também terá transmissão em tempo real pelo site www.institutoembratel.org.br.

Leia mais:

Espiritismo: a “crença de loucos” que conquistou o Brasil

Espiritismo: a “crença de loucos” que conquistou o Brasil
História - Revista da Biblioteca Nacional
Ano 3 – Número 33 – Junho de 2008 - Rio de Janeiro, RJ
Capa - Nação Espírita – por Emerson Giumbelli:
Embora tenha nascido na França, a religião de Kardec encontrou no Brasil a sua verdadeira pátria.
Kardec nos trópicos (páginas 14-19): mesmo tachado de crime pu loucura, o espiritismo conquistou ricos e pobres para tornar-se uma das principais religiões do Brasil.

Leia mais:


sábado, 17 de maio de 2008

Justiça manda recolher livro do Padre Jonas Abib

A Justiça da Bahia determinou o recolhimento, em Salvador, de todos os exemplares de um livro escrito pelo padre Jonas Abib, fundador da comunidade católica Canção Nova, ligada à Renovação Carismática, ala conservadora da igreja. A reportagem é de Manuela Martinez e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 17-05-2008.

Para o Ministério Público baiano, que pediu o recolhimento do livro "Sim, Sim! Não, Não! Reflexões de Cura e Libertação", da editora Canção Nova, o padre cometeu o crime de "prática e incitação de discriminação ou preconceito religioso", previsto na lei 7.716, de 1989. Cabe recurso à Justiça.

De acordo com o promotor Almiro Sena, Abib faz no livro "afirmações inverídicas e preconceituosas à religião espírita e às religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, além de flagrante incitação à destruição e ao desrespeito aos seus objetos de culto".

A ação cita trechos do livro que, na avaliação da Promotoria, trazem ofensas ao espiritismo e às religiões afro-americanas. "O demônio, dizem muitos, "não é nada criativo". (...) Ele, que no passado se escondia por trás dos ídolos, hoje se esconde nos rituais e nas práticas do espiritismo, da umbanda, do candomblé", diz Abib na obra.

Em outro trecho, o padre diz que "o espiritismo é como uma epidemia e como tal deve ser combatido: é um foco de morte". Também há referência ao culto a imagens. "Acabe com tudo: tire as imagens de Iemanjá (que na verdade são um disfarce, uma imitação de Nossa Senhora). Acabe com tudo! Mesmo que seja uma estátua preciosa, mesmo que seja objeto de ouro, não conserve nada. Isso é maldição para você, sua casa e sua família."

Para o Ministério Público, o livro ofende o princípio de liberdade de crença previsto na Constituição Federal, e afronta as "integridade, respeitabilidade e permanência dos valores da religião afro-brasileira" previstos na Constituição baiana.

Como atua em Salvador, o promotor pediu o recolhimento da obra só na capital, onde o livro é vendido por R$ 15,90. Segundo a Promotoria, foram vendidos 400 mil exemplares no país em 2007. Para Sena, isso "demonstra a amplitude alcançada pelas idéias contidas no seu conteúdo e o grave risco de propiciar o acirramento de conflitos étnico-religiosos".

O juiz Ricardo Schmitt acatou a denúncia contra o padre e mandou intimá-lo a comparecer a audiência de interrogatório, em dia a ser definido. A pena prevista neste caso é de um a três anos de prisão, e multa.

Outro lado
Em nota, a Canção Nova informou não ter sido comunicada da decisão judicial. Negou, contudo, que o livro incorra em preconceito religioso. "A obra é meramente conceitual e não tem o propósito de incitar qualquer discriminação ou preconceito religioso."

A nota afirma ainda que Abib "sempre se pautou pelo profundo respeito a todas as pessoas e ideologias, difundindo a doutrina da Igreja Católica e o amor cristão através dos meios de comunicação". Diz que o propósito do livro é "orientar os católicos a viverem com coerência a vida cristã de acordo com a linha filosófica e teológica defendida pela igreja."

Extraído de:
Instituto Humanistas Unisinos, em 17/05/2008.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Espiritismo à brasileira (Fábio Luiz da Silva)

Por Fábio Luiz da Silva
Mestre em História, professor da Universidade Estadual de Londrina e da Faculdade Metropolitana/IESB

Onde mais senão no Brasil é possível ser católico, judeu ou protestante e mesmo assim acreditar em reencarnação? Pode parecer estranho, mas é isto que indica uma pesquisa realizada pelo Vox Populi (VARELLA, 2000: 78-82) , segundo a qual 59% da população brasileira acredita que já teve outras vidas, apesar de somente 3% se declararem espíritas. Um contra-senso em qualquer outra parte do mundo, mas significa que pelo menos um dos princípios espíritas encontrou um ambiente propício para seu desenvolvimento em nosso país.

Nascido na França do século XIX, através do trabalho de Allan Kardec, o Espiritismo chegou ao Brasil ainda neste mesmo século. Porém, o Espiritismo brasileiro ganhou um colorido que o fez diferente daquele existente na Europa. Assim, o surgimento do Espiritismo no Brasil provoca duas questões teóricas interessantes. Primeiro, seria o Espiritismo brasileiro uma deformação do Espiritismo europeu ou uma construção original? Segundo, quais as relações entre o Espiritismo e os cultos afro-brasileiros?

Vejamos a primeira questão. É comum entender que o Espiritismo possuía na Europa um caráter mais científico e filosófico e que no Brasil ele ganhou características mais religiosas (STOLL, 1999: 41). Argumenta-se que tal fato deve-se ao misticismo da tradição cultural brasileira. É a opinião de Ubiratan Machado em seu livro “Os Intelectuais e o Espiritismo”: a maioria de nossos espíritas preferia realçar o aspecto religioso, dando relevo à parte mágico-mística da doutrina (...)(1983:114). Para este autor o abrasileiramento do Espiritismo levou-o a uma perda do caráter experimentalista e científico de sua origem, e isto corresponderia a um abastardamento do Espiritismo no Brasil. Igualmente pensam assim François Laplantine e Marion Aubrée: il n’a jamais eu le caractère “expérimental” tant revendiqué par les spirittes français (1990:185).

Discordamos desta interpretação que considera o Espiritismo brasileiro uma simples deturpação do europeu. Acreditamos que o Espiritismo, no Brasil, foi uma construção original. Sandra Jacqueline Stoll, utilizando o trabalho de Clifford Geertz Observando el Islam (no qual é realizada uma análise comparativa sobre o desenvolvimento do Islamismo em duas culturas diferentes: Marrocos e Indonésia), conclui que as diferenças apresentadas por uma mesma religião em lugares diferentes são geradas por tensões inerentes ao processo de universalização das religiões, pois variam as estratégias sociais para resolver o dilema: adaptação versus preservação de princípios. E aplica o mesmo raciocínio ao Espiritismo:

Como o Islamismo na Indonésia, o Espiritismo é uma religião importada, que se difunde no país confrontando-se com uma cultura religiosa já consolidada, hegemônica e, portanto, conformadora do ethos nacional. Sua difusão, como postulam certos autores, foi em parte favorecida pelo fato das práticas mediúnicas já estarem socialmente disseminadas, de longa data, no âmbito das religiões de tradição afro. No entanto, em contraposição a estas o Espiritismo define sua identidade, elegendo sinais diacríticos elementos do universo católico(...) O Espiritismo brasileiro assume um “matiz perceptivelmente católico” na medida em que incorpora à sua prática um dos valores centrais da cultura religiosa ocidental: a noção cristã de santidade. (STOLL, 1999: 48)

O Espiritismo no Brasil não é um simples desvio de uma doutrina racional de origem européia e que sofreu uma contaminação do mágico e do místico, graças a uma predisposição do povo brasileiro para o maravilhoso. É uma construção original, influenciada pela formação cultural brasileira que já possuía elementos que foram reinterpretados pelo Espiritismo, assim como ele foi reinterpretado por estes elementos: crenças indígenas, africanas e populares de origem européia. Desta forma, acreditamos não ser possível ao Espiritismo manter uma “pureza” para onde quer que fosse difundido.

A segunda questão por nós levantada no início deste texto pode ser simplificada da seguinte forma: o termo Espiritismo inclui as crenças afro-brasileiras? A palavra Espiritismo pode ser encontrada referindo-se a toda crença na possibilidade de comunicação com o além através de médiuns (incluindo, neste caso, o Candomblé, Umbanda e o Espiritismo de Allan Kardec); somente à Umbanda e ao Espiritismo de Kardec (como muitos umbandistas entendem) ou somente ao Espiritismo de Kardec (como querem os espíritas). Estas diversas definições marcam diferentes posições dos sistemas religiosos e dentro das ciências sociais (HESS, 1989: 183).

Desde sua chegada ao Brasil, seus adversários tentaram igualá-lo às crenças afro-brasileiras. Assim se expressava a Igreja, ainda no século XIX, em seu primeiro documento condenando o Espiritismo: a Pastoral de 1867 do Arcebispo da Bahia D. Manoel Joaquim da Silveira. E também o bispo Boaventura Kloppenburg em seu livro A Umbanda no Brasil, no qual identifica Espiritismo e Umbanda (HESS, 1989:186-187)

Por outro lado, os intelectuais espíritas esforçam-se por marcar as diferenças. No livro Africanismo e Espiritismo, Deolindo Amorim defende a idéia que a Umbanda é muito mais parecida com o catolicismo do que com o Espiritismo, devido aos rituais, que segundo ele, não existem no Espiritismo. No preâmbulo da obra acima citada, assinado por Lippmann Tesch de Oliveira, fica claro o desejo espírita de afastar qualquer mal entendido que possa confundir Espiritismo e Umbanda:

Quando falamos em Espiritismo, saibam os leitores que nos referimos à codificação CIENTÍFICA, FILOSÓFICA e MORAL, de Allan Kardec, - a única com o privilégio de ostentar semelhante título! – que o mestre expôs numa série de obras notáveis, editoradas na França, no período de 1857 a 1869, e não a êsse conglomerado de pagelança e de rituais espalhafatosos, onde preponderam o mediunismo abastardado; em suma – ao carnaval de UMBANDA, difundido e praticado por aí em fora, sob o rótulo daquela luminosa esquematização espiritualista.(AMORIM, 1949: 5-7)

Ora, os católicos identificam Espiritismo/Umbanda e os espíritas Catolicismo/Umbanda, (...) são muito acentuados os traços de afinidade entre o Catolicismo e o Africanismo (...)(AMORIM, 1949: 70) , cada grupo tentando marcar diferenças e semelhanças através de um raciocínio parecido e que tem algo de preconceituoso.

Em meio às Ciências Sociais, segundo Hess (1989:183) também encontramos ambas as posições. Cândido Procópio Ferreira de Camargo, em seu livro Kardecismo e Umbanda defende a existência de um continuum mediúnico, que tem em um polo o Espiritismo e no outro a Umbanda. Também pensam assim os antropólogos franceses François Laplantine e Marion Aubrée (1990: 179). Idéia semelhante percebemos em expressões como adeptos de qualquer religião de possessão ou adeptos de uma prática mediúnica (SAEZ, 1991) , que referem-se tanto ao Espiritismo como aos cultos afro-brasileiros. Já Maria Laura Cavalcanti, autora do livro O Mundo invisível: Cosmologia, Sistema Ritual, e Noção de Pessoa no Espiritismo, enfatiza muito mais as diferenças (HESS, 1989: 188).

Entendemos que, apesar de tentadora, a opção por considerar o Espiritismo dentro de um continuum mediúnico tende a deixar de lado as características que o aproximam do Catolicismo, para enfatizar apenas suas as semelhanças com as crenças afro-brasileiras. Stoll (1999), por exemplo, percebeu a existência de um processo de santificação da figura de Francisco Cândido Xavier, muito próximo do que ocorre na Igreja Católica. Podemos concluir, portanto, que nossa opção de estudo abre a possibilidade de novas visões do processo histórico de legitimação social do Espiritismo, o que pode colaborar para uma compreensão mais satisfatória deste fenômeno religioso, cujas idéias estão disseminadas até mesmo entre aquelas pessoas que oficialmente professam outras crenças.


*
Texto produzido a partir de um capítulo da minha dissertação de mestrado: A Perspectiva do além: a história na visão do Espiritismo (1938-1949)


Referência bibliográfica

  • AMORIM, Deolindo. Africanismo e Espiritismo. Rio de Janeiro: Mundo Espírita, 1949.
  • AUBRÉE, Marion; LAPLANTINE, François. La Table, le livre e les esprits. Paris: JC Lattés, 1990.
  • HESS, David J. Disobsessing disobsession: religion. Ritual, and the social sciences in Brazil.
  • Cultural Anthropology, Washington, v. 4, n. 2, p. 182-193, may. 1989.
  • MACHADO, Ubiratam. Os Intelectuais e o espiritismo. Rio de Janeiro: Antares/INL, 1983.
  • SAEZ, Oscar Calavia. Fantasmas falados: mito, escatologia e história no Brasil. Campinas, 1991. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – UNICAMP
  • STOLL, Jacqueline Stoll. Entre dois mundos: o Espiritismo da França e no Brasil. São Paulo, 1999. Tese (Doutorado em Antropologia) – USP.
  • VARELLA, Flávia. À Nossa moda. Veja, São Paulo, a 33, n. 1659, p. 78-82, jul. 2000.


Extraído de:
Revista Espaço Acadêmico, edição número 17, outubro de 2002.


Obs.: STOLL, Sandra Jacqueline. Espiritismo à brasileira. São Paulo: EDUSP/Orion, 2003.

Vozes do Céu – Os Primeiros Momentos do Impresso Kardecista no Brasil

Vozes do Céu: Os primeiros momentos do impresso Kardecista no Brasil
Autora:
Magali Oliveira Fernandes
Editora:
Mandacaru
Resumo:
O livro mostra, em síntese, o que significou o ideário kardecista no início para os brasileiros via edição, e, ao mesmo tempo, é uma oportunidade para a reflexão sobre o que venha a ser o fenômeno editorial espírita, em pleno vigor, nos dias de hoje.

Veja mais em:
Vozes do Céu – Os Primeiros Momentos do Impresso Kardecista no Brasil

Trabalho síntese - 17 páginas - da dissertação de mestrado de Magali Oliveira Fernandes.

O grande mediador: Chico Xavier e a Cultura Brasileira

O grande mediador: Chico Xavier e a Cultura Brasileira
Autor: Bernardo Lewgoy
Editora: EDUSC

Resumo: O Grande Mediador é uma análise antropológica da principal referência do espiritismo no Brasil, o médium Chico Xavier. Falecido em 2002, Chico se constituiu num marco definitivo para as crenças e práticas kardecistas em nosso país. Conciliando o uso da literatura acadêmica e análise de obras de e sobre Chico Xavier, Bernardo Lewgoy faz um original ensaio de interpretação do significado do fenômeno Chico Xavier na cultura brasileira, destacando a capacidade do médium de articular passagens entre as principais religiões, ideologias e visões de mundo que marcaram a história do Brasil no século 20.

Veja mais em:

terça-feira, 6 de maio de 2008

Espiritismos - limiares entre a vida e a morte

Espiritismos - limiares entre a vida e a morte
Autora:
Maria Ângela Vilhena
Coleção: Temas do Ensino Religioso
Série: Tradições religiosas
Editora: Paulinas
Sinopse: A autora, tendo presente a peculiaridade do pluralismo brasileiro, introduz-nos primeiro à formulação espírita kardecista. Acompanha suas recepções no Brasil e apresenta as várias vertentes religiosas e os movimentos influenciados que buscam respostas religiosas construídas às indagações referentes à origem do universo, da vida, dos seres humanos e que expliquem os acontecimentos pertinentes à trajetória individual dos sujeitos e aqueles que dizem respeito à história da humanidade.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Bezerra de Menezes: o filme

Está chegando o longa-metragem passado no século XIX, realizado com a mais avançada tecnologia digital e filmado em 35 mm, o filme Bezerra de Menezes, o médico dos pobres. No papel principal, o ator Carlos Vereza e um grande elenco.

sábado, 29 de março de 2008

Chico Xavier e a cultura brasileira

Chico Xavier e a cultura brasileira

Bernardo Lewgoy
Professor do Departamento de Antropologia UFRGS

RESUMO: O presente artigo propõe uma interpretação do fenômeno Chico Xavier na cultura e na sociedade brasileira. A partir do reconhecimento da importância crucial de seu modelo mítico de espírita exemplar, o lugar de absoluto destaque ocupado pelo médium mineiro na história do kardecismo brasileiro será interpretado à luz de um código cultural articulado em sua biografia, que busca sintetizar os personagens paradigmáticos do "santo" e do "caxias". Desdobrado na unidade de sua obra mediúnica e trajetória pública, o tipo de espiritismo construído em Chico Xavier evidencia a proposta kardecista dominante ao longo do século XX, enquanto modelo de cidadania, prática religiosa e projeto nacional.
PALAVRAS-CHAVE: espiritismo, Chico Xavier, religião, cultura brasileira.

Comentário: Este artigo baseia-se em capítulo de minha tese de doutorado (Lewgoy, 2000). Agradeço a Paula Montero, orientadora, Otávio Velho, Nádia Farage, Maria Lúcia Montes e José Guilherme Magnani, membros da banca examinadora, de quem aproveitei parcialmente as sugestões.

Extraído de:
Revista de Antropologia
Rev. Antropol. v.44 n.1 São Paulo 2001
ISSN 0034-7701
versão impressa
Versão em PDF (64 páginas)