BAKKE, Rachel Rua Baptista. Tem orixá no samba: Clara Nunes e a presença do candomblé e da umbanda na música popular brasileira. Relig. soc. [online]. 2007, vol.27, n.2, pp. 85-113. ISSN 0100-8587.
Tem orixá no samba: Clara Nunes e a presença do candomblé e da umbanda na música popular brasileira: Algumas informações sobre as religiões afro-brasileiras (candomblé e umbanda) nos chegam por meios como a indústria fonográfica, o rádio e a televisão. Nesse cenário, a música popular brasileira (MPB) ocupa importante papel de divulgadora dessa religiosidade. Em vista disso, nesse trabalho procuro interpretar os modos pelos quais os valores dessas religiões aparecem na MPB tendo como campo empírico a produção artística de Clara Nunes (análise de letra de música, da performance em shows, clipes e apresentações em programas de TV, assim como dos símbolos escolhidos na divulgação de seu trabalho, presentes em encartes e capas de LPs). (...)Muitas vezes é possível entrar em contato com valores de uma determinada religião sem que, necessariamente, a pessoa seja adepta ou tenha vivido alguma experiência nesse universo religioso específico. Isso ocorre, principalmente, quando símbolos, experiências, valores e elementos do ritual ultrapassam os limites dos locais de culto tais quais terreiros, igrejas, templos etc., e aparecem como contexto em reportagens de jornal ou revistas, em obras de arte, nas peças teatrais, ou em livros e músicas. Nessa perspectiva, a Música Popular Brasileira (MPB) é um importante veículo divulgador do universo religioso afro-brasileiro, mais especificamente a umbanda e o candomblé, contribuindo para a conformação de um imaginário sobre o mesmo que se encontra diluído na cultura nacional. Alguns autores, como Moura (1983), Sodré (1979) e Sandroni (2001), ao reconstruírem a formação do samba urbano carioca no início do século XX, explicitaram as relações entre esse e os terreiros da Cidade Nova. As conhecidas casas das "tias baianas", como da Tia Ciata, eram ao mesmo tempo moradia, local de culto e de lazer, e funcionavam como esteio tanto para o desenvolvimento do samba quanto do próprio candomblé. Outros autores, como Amaral & Silva (2004) e Prandi (2000), procuram estender a análise dessas relações entre música e religiões afro-brasileiras às décadas mais recentes. Considerando a música popular um importante meio difusor dos valores religiosos afro-brasileiros para além dos muros dos terreiros, procuraremos a partir da trajetória artística de Clara Nunes importante intérprete que marcou época no mercado fonográfico brasileiro como a primeira mulher a vender mais de cem mil cópias de disco com um repertório reconhecidamente rico em referências ao candomblé e à umbanda entender algumas relações significativas entre a MPB e as religiões afro-brasileiras, ressaltando-se as influências dessas religiões na construção da carreira dessa intérprete, assim como para a divulgação e elaboração de um imaginário positivo dessas religiões no universo geral da cultura nacional. >>> Leia mais, clique aqui e aqui.
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