Morte no corpo, vida no espírito: o processo de luto na prática espírita da psicografia
Maria Cristina Mariante Guarnieri
Dissertação de mestrado em Ciências da Religião (PUC-SP).
Data da defesa: 30/03/2001.
Resumo: A tendência à banalização da morte e do morrer tem crescido muito. O mundo secularizado trouxe grandes avanços para a humanidade mas, como consequência, uma dura realidade se revela: não há lugar para as expressões de sofrimento, dor e morte. Esta realidade já é visível nos grandes centros urbanos, onde os ritos e espaços que possibilitam a integração e a reflexão sobre a morte, são pouco valorizados. Entrar em contato com a morte nos obriga a encontrar um outro sentido para a vida, mas também nos leva a buscar o da morte. Partindo da compreensão sobre morte e luto no desenvolvimento humano, baseada em autores como Carl Gustav Jung, John Bowlby, Colin Parkes, foi possível perceber que o tema pedia uma ampliação para abordá-lo. A sociologia do conhecimento de Peter Berger e Thomas Luckmann, a antropologia da morte de Edgar Morin, as contribuições do historiador Phillipe Àries auxiliaram em uma visão mais completa deste ser humano diante da consciência de sua mortalidade. O objetivo desta dissertação é demonstrar a importância do espaço religioso, especificamente o espiritismo, como continente à elaboração do luto e às questões sobre a finitude humana. O espiritismo, por acreditar em uma vida após a morte, entende que é possível comunicar-se com os espíritos dos mortos. A prática da psicografia, analisada neste trabalho, acaba sendo um meio facilitador nesta elaboração e acaba por criar um espaço de acolhimento deste enlutado e de suas questões. Finalizando, foram escutados 17 enlutados que contam sobre sua experiência de perda, fundamentando a importância de nos abrirmos para questão, do sentido de ser humano. Este trabalho pretende contribuir para a compreensão da religiosidade como pertencente a psique humana e como a existência do indivíduo é permeada por crenças, símbolos e atitudes religiosas que permitem integrar a morte em sua história mas, principalmente, resgatar e valorizar a vida.
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