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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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terça-feira, 18 de março de 2008

Medo da fogueira da Inquisição

Adriana Diniz e Clarissa Monteagudo - Extra on-line, em 18/03/2008.

Rio - Umbandistas e sacerdotes do candomblé reagiram com revolta às denúncias de crimes contra religiosos.

- A palavra "diabo" não existe no candomblé. Isso foi criado pelos catequizadores para anular a religião africana, que é muito rica e milenar. O Exu não tem nada a ver com o diabo católico. Ele é o orixá do movimento e da comunicação - explica o pai-de-santo Paulo de Oxalá.

O presidente da Irmandade Religiosa Cultural Afro-Brasileira (Irmafro), Pai Renato de Obaluayê, diz que já teve que chamar a polícia para conter adeptos de igrejas independentes que insistiam em estacionar uma bicicleta com caixas de som adaptadas em frente à sua casa para pregar.

- Sempre fui muito respeitado na minha comunidade. Já fui agredido por uma senhora que gritava "demoníacos" contra nós em uma caminhada. Ela gritava, gesticulava. Quem parecia "endemoniada" era ela. Quem tem aquela fisionomia, gesticula e agride não está em paz - diz o pai-de-santo.

Recado ao governo
Para Mãe Mirian de Oyá, o governo precisa tomar medidas urgentes para conter a onda de agressões.

- Tenho medo de ser queimada em praça pública, como numa Inquisição. Já tive filhas-de-santo agredidas na rua, chamadas de "adoradoras do demônio". Isso é absurdo, crime, covardia e falta de respeito. Minha religião abriga todos sem preconceito de orientação sexual, raça, nada. Respeitamos a natureza e o semelhante.

Protesto contra a intolerância
Umbandistas pretendem fazer um protesto contra a intolerância religiosa armada nas comunidades do Rio de Janeiro, imposta por traficantes que se dizem pertencentes a igrejas independentes. Depois ler a reportagem publicada domingo no EXTRA, Fátima Dama, presidente da Congregação Espírita Umbandista do Brasil (Ceub), convocou uma reunião com diversos líderes espíritas para organizar o movimento em defesa da liberdade religiosa.

- Vamos nos reunir amanhã na Ceub e, na próxima semana, vamos fazer um manifesto na escadaria da Alerj, para pedir providências. Já fecharam muitos terreiros no passado. Então que fechem também essas igrejas que se associam ao tráfico. Tem que haver um controle - diz Fátima Dama.

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