Anos 90 - Vol. 7, No 11 (1999)
Ordenar progredindo: a obra dos intelectuais de umbanda no Brasil da primeira metade do século XX
Artur Cesar Isaia (UFSC)
Em um estudo sobre a terapia mediúnica praticada no Rio de Janeiro na virada do século, Donald Warren fazia menção a uma persistência de longa de duração que se afirmava nos significados secularmente compartilhados pela população brasileira. Tratava-se da manutenção de um cotidiano impregnado de sentido mágico, da familiaridade com o mundo dos espíritos e com toda uma gama de manifestações típicas da crença na atuação de "entidades rarefeitas”. Ao meio marcado por tal imaginário, onde o sobrenatural impunha-se como recorrente e no qual espíritos, encantados e orixás povoavam as tramas humanas, o autor referia-se como''espiritualista reflexo". É, justamente, inserida na partilha desses significados, em um meio urbano que se afirmava e frente a um mercado religioso que ganhava em complexidade, que a Umbanda vai adquirir visibilidade no Brasil da primeira metade do século XX. A emergência da Umbanda revelava uma religião em torno da qual persistiam uma série de significações capazes de remetê-la ao submundo, à marginalidade c à sobrevivência de valores atávicos, denunciadoras do atraso e da ignorância. É nesse contexto que surge a obra dos intelectuais da nova religião, inseridos em um esforço visando ao reconhecimento social e à ruptura com significações capazes de enxergar na invocação dos espíritos uma incómoda familiaridade com a transgressão. >>> Leia mais, clique aqui.
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