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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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sexta-feira, 10 de abril de 2009

Páscoa é marcada por cerimônias tradicionais em todo o mundo

Em Cima da Hora (10/04/2009)


Manuel Rolph De V. Cabeceiras (10/04/2009, por email): Neste ano de 2009 (ou 5769 no calendário judaico) as festas judaica (o Pessach) e cristã da Páscoa são praticamente coincidentes, o que é raro!


Celebrada durante oito dias, de 15 a 22 de nissan (em 2009, de 9 a 16 de abril), acaba por abranger, neste ano, o Tríduo Pascal (celebrações do fim da Semana Santa cristã), o qual na liturgia católica, a partir de domingo abre o tempo pascal com duração de 50 dias, vindo a terminar na festa do Pentecostes (por isso, nesse período, todos os domingos são chamados domingos de Páscoa).


Cláudia A. Prata Ferreira: A festividade de Pessach já era anterior ao período do Êxodo. Na realidade marcava para os demais povos a entrada da primavera e havia o sacrifício do cordeiro e o pão ázimo. Na ressignificação vemos a transformação dessa festa como um verdadeiro marco fundador do judaísmo, da identidade judaica, uma festa fundamental. No cristianismo, vemos outra ressignificação, a festa deixa de ser a comemoração da libertação do cativeiro egípcio e marco fundador da religião judaica e da identidade judaica; agora ela se torna central na figura de Jesus e marco fundamental na formação da identidade cristã.


Pessach é conhecido por quatro nomes: 1) Chag HaPessach - a Festa do Cordeiro Pascal, em alusão ao sacrifício feito pelos cativos no Egito antes da última praga. Tal oferenda foi instituída nas gerações posteriores, sendo abolida juntamente com os demais quando da destruição do Segundo Templo. 2) Chag Hamatzot - a Festa dos Pães Ázimos. “Comereis pão sem fermento durante sete dias...” (Êxodo 12,15). Revivemos a pressa em fugir do Egito, não dando tempo à massa fermentar. Durante os dias da Festa, alimentamo-nos com pães assados unicamente de água e trigo. 3) Chag HaAviv - a Festa da Primavera. A vida começa a brotar no hemisfério Norte nesta época. Com ela, renovam-se nossas esperanças de uma vida melhor a todos. Pessach, segundo a Torá, deve ser celebrado justamente neste tempo tão propício à reflexão, tanto que, em função da disparidade entre os calendários lunar (judaico) e solar - o primeiro tem alguns dias a menos, o que acarretaria, com o passar dos anos, em um distanciamento de Pessach da Primavera - a cada dois ou três anos, um mês é adicionado. 4) Zeman Cherutênu - Época de nossa libertação. Nós, seres humanos, como um todo. Observação: a festividade de Pessach é comemorada ao longo de 8 dias.


Contagem do Ômer: "Omer" era uma antiga medida agrícola. No segundo dia de Pessach, costumava-se levar ao Templo uma oferenda de um Omer de cevada recém-colhida, em comemoração do início da colheita.


Na segunda noite de Pessach, iniciamos a Sefirát HaÔmer[1], contando 49 dias entre Pessach e Shavuot, dia em que a Torá foi outorgada ao povo de Israel. Esta contagem foi ordenada por Deus e serve como preparação ao povo para o recebimento da Torá. A palavra hebraica sefirá basicamente significa cálculo ou contagem.[2]


Shavuot: O feriado judaico de Shavuot (“Semanas”) permite pôr em evidência um aspecto dos festivais religiosos que, freqüentemente, não recebe muito foco: esses eventos são, ao longo do tempo, ressignificados. E a cada vez que ocorre uma substituição de significado, o grupo que logrou estabelecer a nova versão do evento trata logo de espessar esse conteúdo, para consolidá-lo e obter a adesão do povo. Esse esforço de espessamento consiste em desenvolver rituais paralelos, costumes e tradições de alguma forma conectados com aquilo que passou a ser o novo significado, ou o significado principal do festival.[3]



Veja mais:




[1] Sefirat Ha'Omer, a contagem de sete semanas entre os dois feriados, nos lembra simbolicamente que de acordo com o pensamento judaico, o que importa não é libertar-se de alguma coisa, mas libertar-se para alguma coisa. A liberdade não tem sentido se não for acompanhada do compromisso para com um ideal.

[2] O período que separa Pessach de Shavuot (sete semanas) é o período para que o grupo (judaico) se prepare para o recebimento da Torá. No grupo cristão é o período de Ascensão que separa a Páscoa cristã de sua próxima data, Pentecostes (a festa de Shavuot ressignificada), que no contexto cristão é a comemoração da descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos.

[3] No caso de Shavuot a ressignificação não é apenas a apropriação de uma festa de origem cananéia com outra leitura dentro do grupo judaico e posteriormente, outra ressignificação pelo grupo cristão: Shavuot perpassa períodos da história judaica com transformações de significados e chega aos dias de hoje com significados distintos para o grupo judaico e mesmo para a sociedade israelense.

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