O Globo, Ciência, página 36, em 19/11/2008.
Um antigo monumento à alma
Primeira prova escrita da separação do corpo
John Noble Wilford
Do New York Times
Num reino montanhoso localizado no atual sul da Turquia viveu, no oitavo século antes de Cristo, Kuttamuwa, um oficial real encarregado de supervisionar as obras de um monumento de pedra a ser erguido após a sua própria morte. As palavras escolhidas para o seu epitáfio: “para a minha alma, que está neste monumento”.
Arqueólogos da Universidade de Chicago, que fizeram a descoberta no ano passado nas ruínas de uma cidade murada perto da fronteira com a Síria, sustentam que o monumento oferece a primeira evidência escrita de que as pessoas da região adotavam o conceito da alma separada do corpo. Em oposição, povos semitas da mesma época, como os israelitas, acreditavam que corpo e alma eram inseparáveis e, por isso, a cremação seria impensável, como observa a Bíblia.
Indícios circunstanciais achados no sítio sugerem que eles cremavam seus mortos no local. A descoberta e suas implicações foram descritas na semana passada em entrevistas concedidas por arqueólogos da Universidade de Chicago que participaram das escavações na Turquia.
— Normalmente, nas culturas semitas, a alma de uma pessoa, sua essência vital, adere aos ossos dos mortos — afirmou David Schloen, arqueólogo do Instituto Oriental da universidade e coordenador das escavações.
— Mas aqui temos uma cultura que acreditava que a alma não está no cadáver, mas tinha sido transferida para uma pedra mortuária.
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