Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.
O conceito de raça, um produto da imaginação cultural, precisa desaparecer da sociedade. Não há nenhuma razão em mantê-lo, principalmente por ter sido usado no passado como motivação para exploração do homem pelo homem, tanto no tráfico de escravos quanto no Holocausto nazista, no qual 6 milhões de judeus e ciganos foram dizimados na Europa.
As informações são doutor em genética humana Sérgio D. J. Pena, professor titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Ele também é autor do livro "Humanidade Sem Raças?", da Publifolha.
Segundo Pena, existem várias linhas de evidências que demonstram que não existem raças humanas. "A primeira é que a espécie humana é jovem --só tem 200 mil anos-- e tem padrões migratórios amplos demais para permitir que houvesse a separação em raças diferentes", analisa.
O professor diz que, talvez, o indício genético mais forte contra a existência de raças é a demonstração de que mais de 90% da diversidade humana está dentro das populações, e não entre elas.
"Por exemplo, se houvesse um cataclisma nuclear e toda humanidade desaparecesse e ficasse apenas a América do Sul, nós teríamos aqui 93% da variabilidade genômica de todo o mundo. Se desse cataclisma ficasse apenas uma cidade, como Belo Horizonte, nós teríamos pelo menos 90% da variabilidade genômica humana", explica.
De acordo com o pesquisador, um brasileiro de pele branca é tão diferente de qualquer brasileiro como de um indivíduo nascido em Nairóbi, na África, ou de outro que vive em Beijing, na China.
O doutor acredita que o feriado do Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, é uma data em que se deve refletir sobre o quanto de mal a noção de raça já criou anteriormente ao ser usada como justificativa para atos inumanos.
"Cada um de nós tem um genoma único. Por que não valorizar essa individualidade que vem da nossa história de vida e, ao invés de dividir em um punhado de raças, dividir a humanidade em 6 bilhões de pessoas?", questiona o professor.
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