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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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domingo, 12 de outubro de 2008

Bento 16 argumenta em favor da beatificação de Pio 12

Le Monde, em 11/10/2008

Por Stéphanie Le Bars


Na quinta-feira, 9 de outubro, Bento 16 voltou a argumentar em favor da beatificação do papa Pio 12 (1939-1958), por ocasião da missa celebrada em Roma que se destinava a comemorar o qüinquagésimo aniversário da sua morte. A despeito da controvérsia que cerca até hoje a atitude de Pio 12 em relação aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial, o Vaticano parece estar determinado a ir até a conclusão deste processo, que foi iniciado em 1965. "Nós oramos para que a causa da beatificação de Pio 12 prossiga e tenha uma conclusão feliz", declarou.


Numa resposta dirigida aos detratores de Pio 12, que criticam o antigo papa pelo seu silêncio diante da Shoah, Bento 16 apresentou um extenso elenco de argumentos destinado a justificar esta discrição, durante a sua tradicional pregação da quinta-feira, e disse lamentar que o "debate histórico" a respeito desta questão nem sempre tivesse sido "sereno". "Em muitos casos, foi em meio ao segredo e ao silêncio que ele agiu. Porque justamente, à luz das situações concretas que refletiam a complexidade daquele momento histórico, ele tivera a intuição de que seria tanto e somente dessa maneira que o pior poderia ser evitado, e que o maior número possível de judeus poderia ser salvo", argumentou o papa.


Bento 16 também lembrou as "numerosas e unânimes manifestações de reconhecimento" que o Vaticano recebeu por parte de lideranças judaicas depois da guerra e por ocasião da morte de Pio 12.


O pontificado deste papa e a sua possível beatificação continuam sendo um objeto de discórdia entre a Igreja católica e a comunidade judaica. Tirando proveito da oportunidade rara e histórica de poder expressar-se perante um sínodo de bispos católicos, na segunda-feira, 6 de outubro, o grande rabino de Haifa (Israel), Shear Yashuv Cohen sublinhou a impossibilidade para o povo judaico "de esquecer e de perdoar" a atitude "de grandes dirigentes religiosos" durante a Shoah.


Em abril de 2007, o núncio apostólico em Israel já havia se recusado a participar de uma comemoração no memorial Yad Vashem de Jerusalém, por considerar equivocada a apresentação que havia sido feita das ações de Pio 12 durante a guerra. A análise completa daquela época pelos historiadores permanece até hoje na dependência da abertura da totalidade dos arquivos do Vaticano que lhe dizem respeito.


Quanto ao processo de beatificação, ele ainda continua à espera da assinatura, por parte de Bento 16, do decreto relativo à "heroicidade das virtudes" de Pio 12, que foi reconhecida em maio pela congregação para a causa dos santos. Depois disso, será então necessário atribuir-lhe um "milagre". E, por fim, um segundo milagre deverá ser reconhecido e lhe ser imputado para que Pio 12 possa finalmente ser declarado "santo".


Tradução: Jean-Yves de Neufville

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