Os véus da tolerância
Dois livros e exposição de arte revelam um olhar muçulmano aberto e livre de estereótipos
Em coma profundo em um campo de refugiados nas cercanias de Beirute, Yunis é socorrido pelo paramédico Khalil que, disposto a não deixar seu pai espiritual morrer, conta-lhe histórias do povo palestino. E, em vez de pregar a militância, Khoury aproveita para ver o “outro” com complacência, admitindo seus temores e qualidades.
A força das diferenças também marca a obra de Dalia Sofer, Setembro de Shiraz, lançada pela Rocco. Fortemente inspirado em fatos pessoais, o livro mostra a radical mudança na rotina de uma família judia que vive no Irã. Até 1979, quando a revolução derrubou o xá Reza Pahlevi e cedeu o governo ao aiatolá Khomeini, os judeus mantinham uma convivência pacífica com os muçulmanos. “Estudei em uma escola francesa em Teerã e tinha vários amigos palestinos”, conta Dalia, em entrevista ao Estado, que, com a mudança repentina de comando, foi obrigada, junto da família, a deixar o país às pressas para fugir da irracionalidade da Revolução Iraniana. É o ponto de partida para Dalia discutir intolerâncias religiosas.
Diversidade que marca a exposição Marrocos, que começa amanhã no Salão Cultural da Faap. Trata-se de um amplo painel que mostra como o país africano, ponto de encontro de várias culturas, criou uma identidade multifacetada, embora calcada no islamismo.
Estadão, Caderno 2, em 29/03/2008.
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