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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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terça-feira, 1 de abril de 2008

Os véus da tolerância

Os véus da tolerância

Dois livros e exposição de arte revelam um olhar muçulmano aberto e livre de estereótipos

Ubiratan Brasil

Um novo olhar da cultura árabe - é o que propõem dois livros e uma exposição que chegam a São Paulo na próxima semana. Porta do Sol, de Elias Khoury, e Setembro de Shiraz, de Dalia Sofer, além da mostra Marrocos, são trabalhos que definem tanto uma região quanto uma vida ao tratar de identidade, autenticidade e algo tão concreto quanto localização geográfica. Em meio a uma turbulenta e, aparentemente, luta sem-fim por um território, as obras defendem, de alguma forma, a tese de um único país, onde judeus e palestinos possam viver sem sectarismos. Um olhar complacente para o outro.

O tema percorre e marca profundamente o livro de Khoury, Porta do Sol, editado pela Record. Elogiado por Milton Hatoum como um dos principais autores em língua árabe contemporânea, Khoury, ao repassar a história de vida de Yunis, herói da resistência, narra a saga do povo palestino, criando um delicado monumento literário.

Em coma profundo em um campo de refugiados nas cercanias de Beirute, Yunis é socorrido pelo paramédico Khalil que, disposto a não deixar seu pai espiritual morrer, conta-lhe histórias do povo palestino. E, em vez de pregar a militância, Khoury aproveita para ver o “outro” com complacência, admitindo seus temores e qualidades.

A força das diferenças também marca a obra de Dalia Sofer, Setembro de Shiraz, lançada pela Rocco. Fortemente inspirado em fatos pessoais, o livro mostra a radical mudança na rotina de uma família judia que vive no Irã. Até 1979, quando a revolução derrubou o xá Reza Pahlevi e cedeu o governo ao aiatolá Khomeini, os judeus mantinham uma convivência pacífica com os muçulmanos. “Estudei em uma escola francesa em Teerã e tinha vários amigos palestinos”, conta Dalia, em entrevista ao Estado, que, com a mudança repentina de comando, foi obrigada, junto da família, a deixar o país às pressas para fugir da irracionalidade da Revolução Iraniana. É o ponto de partida para Dalia discutir intolerâncias religiosas.

Diversidade que marca a exposição Marrocos, que começa amanhã no Salão Cultural da Faap. Trata-se de um amplo painel que mostra como o país africano, ponto de encontro de várias culturas, criou uma identidade multifacetada, embora calcada no islamismo.

Extraído de:
Estadão, Caderno 2, em 29/03/2008.

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