IHU (14/09/2012):Trânsito
religioso e o ''permanente peregrinar''. Entrevista especial com José Ivo
Follmann: “A
esfera religiosa tende a se tornar uma esfera sempre mais diversificada e
plural”, declara o sociólogo. O mapa
religioso brasileiro, traçado a partir dos dados do censo 2010, pode ser
comparado à “ponta de um grande iceberg da esfera religiosa do Brasil, que
sinaliza para uma crescente diversificação e pluralidade”, afirma o sociólogo José Ivo Follmann,
por e-mail, à IHU
On-Line. Entretanto, apesar de sinalizar a “multiplicação de
novas formas de expressão do religioso”, a pesquisa do IBGE demonstra
uma “grande fragilidade dos números”, porque não contempla a diversidade
religiosa brasileira. “Existe uma riqueza muito grande que subjaz e que as estatísticas
ainda não estão conseguindo fazer emergir”, assinala. O pesquisador refere-se
aos seguidores das religiões de matriz africana e assinala que “qualquer
levantamento superficial que se faça, nas nossas regiões metropolitanas, leva à
constatação de números elevados em termos de espaços físicos dedicados a
religiões de matriz africana, como ‘casas’, ‘terreiros’ ou ‘centros’, com uma
multiplicidade ímpar de denominações, tanto pelo viés das ‘afrobrasilidades’
umbandistas como pelo viés de ‘africanidades’ mais cultivadas em suas tradições
de origem, muitas vezes também se expressando em suas formas cruzadas”. Para
ele, o censo 2010 reitera a diversidade religiosa brasileira, que
se manifesta, inclusive, naqueles que se declaram sem religião. Esse fenômeno
de desfiliação religiosa, esclarece, está relacionado com o “crescimento de uma
cultura favorável à independência dos sujeitos com relação aos atrelamentos
institucionais. Trata-se do crescimento de uma cultura que estimula a afirmação
dos sujeitos individuais, da independência subjetiva”. A subjetividade também
favorece o “trânsito religioso” e a constante experimentação nas
diversas matrizes religiosas, oportunizando ao fiel a elaboração de “processos
de identidade religiosa”. “É um misto, uma espécie de composição do processo de
peregrinação e de conversão. Muitas conversões acabam sendo passageiras e
predomina o ‘permanente peregrinar’”, complementa. José Ivo Follmann
é graduado em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul –
UFRGS, em Filosofia pela Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira, e em
Teologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos. É mestre em
Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP e
doutor em Sociologia pela Université Catholique de Louvain. É vice-reitor e
professor da Unisinos, onde leciona no Programa de Pós-Graduação em Ciências
Sociais. Também é diretor de Assistência Social da Associação Antônio Vieira –
ASAV. Confira a entrevista. >>> Leia mais, clique aqui.
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